quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Hades (Plutão)


Hades

Plutão, ou mais vezes em grego Hades, irmão de Júpiter e de Netuno, era o terceiro filho de Saturno (Cronos) e Réia. Arrancado graças a Zeus do seio de seu pai que o devorara, mostrou-se reconhecido de um tal benefício, e não hesitou em auxiliar seu irmão na luta contra os Titãs. Depois da vitória, obteve em partilha o Reino dos Infernos. Por causa da fealdade ou natureza de sua fisionomia, por causa sobretudo da tristeza do seu império, nenhuma deusa consentiu em associar-se à sua coroa. Foi por isso que resolveu raptar Prosérpina (equivalente à Perséfone grega) e fazê-la sua esposa.

"O Rapto de Perséfone"

O seu palácio está no meio do tártaro. É daí que ele vela, como soberano, pela administração dos seus Estados, e dita as suas inflexíveis leis. Os seus súditos, sombras miseráveis e ligeiras quase todas, são tão numerosos como as ondas do mar, e as estrelas do firmamento; tudo quanto a morte ceifa na terra recai  sob o cetro desse deus, aumenta sua riqueza, ou fica sendo sua presa. Desde o dia em que inaugurou o reinado, nenhum dos seus súditos tentou uma rebelião. Dos três deuses soberanos que governam o mundo, ele é o único que nunca teve que temer a insubordinação ou a desobediência, o único cuja autoridade é universalmente reconhecida. 

Hades e Perséfone

Mas para ser obedecido, não é menos odiado e temido. Assim ele não tinha na terra, nem templo nem altar, e não se compunham hinos em seu louvor. o culto que os gregos lhe rendiam distinguia-se por cerimônias particulares. O sacerdote fazia queimar incenso entre os cornos da vítima, amarrava-a, abria-lhe o ventre com uma faca de cabo redondo feito de ébano. As coxas do animal eram particularmente consagradas a esse deus. Os seus sacrifícios só podiam ser feitos nas trevas, sobre vítimas negras, vendadas com fitas da mesma cor, e com a cabeça voltada para a terra. era especialmente venerado em Nisa, em Opunto, em Trezene, em Pilos e entre os eleanos, onde existia um espécie de santuário que só se abria uma vez ao ano, e onde só podiam entrar os sacrificadores. Epimênida, diz Pausânias, fizera colocar a sua estátua no templo de Eumênides, e, contra o uso comum, estava representando sob uma expressão e atitude agradáveis.

Hades e o Cérbero

Os romanos tinham posto Plutão, o Hades dos gregos, não somente ao número dos doze grandes deuses, mas também entre os oito escolhidos, os únicos que podiam ser representados em ouro, prata e marfim. Havia em Roma padres vitimários, especialmente consagrados a Plutão. Imolavam-lhe, como na Grécia, vítimas de cor sombria, e sempre em número par, enquanto que aos outros deuses elas eram em número ímpar. Essas vítimas ficavam inteiramente reduzidas a cinza, e o sacerdote não reservava nada, nem para o povo nem para si. Antes da imolação cavava-se um buraco para receber o sangue, e aí se derramava o vinho das libações. durante esses sacrifícios, os padres ficavam com a cabeça descoberta, e era recomendado aos assistentes um absoluto silêncio, mais por medo do deus que respeito.
Plutão foi de tal maneira temido entre os povos da Itália, que o criminoso condenado ao suplício era-lhe antes consagrado. Depois desse ato religioso, qualquer cidadão que encontrasse o culpado podia impunemente matá-lo. No monte Sócrates, na Itália, Plutão partilhava com Apolo as honras de um templo, assim procedendo os faliscos, habitantes do lugar, tinham julgado dever venerar ao mesmo tempo o calor subterrâneo e o fulgor do astro do dia. Os povos do Lácio e dos arredores de Crotone tinham consagrado ao rei dos infernos o número fatídico, pela mesma razão os romanos consagrara-lhe o segundo mês do ano, e nesse mês o segundo dia foi especialmente designado para a oferta dos sacrifícios.

Cronos devorando um dos filhos

Plutão é ordinariamente representado com uma barba espessa e um ar severo, muitas vezes com um capacete, presente de Ciclope, cuja propriedade era torná-lo invisível, algumas vezes cinge-lhe a fronte uma coroa de ébano, de avenca ou narciso. Quando está sentado no seu trono de ébano ou de enxofre tem na destra ora um cetro negro, ora uma forquilha ou uma lança, outras vezes mostra chaves na mão, para exprimir que as portas da vida estão para sempre fechadas àqueles que vão ter seu império. Também é representado em um carro tirado por quatro cavalos negros  e fogosos. O atributo que mais comumente se vê a seu lado é o cipreste, cuja folhagem sombria exprime a melancolia e a dor. Os sacerdotes desse deus, nos dias de sacrifícios, enfeitavam as suas vestes com coroas.

Referências
Mitologia Grega e Romana - P. Commelin


Nomes dos deuses gregos e equivalentes romanos




Os Oráculos



"Consultando o Oráculo", de John William Waterhouse


O desejo de conhecer o futuro e de saber a vontade dos deuses, fez nascer os oráculos. 
Existiam, além do de Delfos, de Cumes, de Claros, de Dídimo ou de Mileto que proferia Apolo, e os de Dodone e Amon, reservados a Zeus. Ares possuía um na Trácia, Hermes em Patras, Afrodite em Pafos, Atena em Micenas, Ártemis na Colchida, Hércules em Gades, etc.
Os oráculos divulgavam de diferentes modos.ora pra obtê-los, eram necessárias muitas formalidades preparatórias, jejuns, sacrifícios, lustrações, etc., ora o consultante recebia uma resposta imediata ao chegar. 
A ambiguidade era um dos caracteres mais comuns dos oráculos, e o duplo sentido só lhe podia ser favorável.

Referências
Mitologia Grega e Romana - P. Commelin